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AFINAL, VOCÊ CRÊ?

Ser uma pessoa próspera solicita o exercício diário da AUTORREFLEXÃO e a sabedoria da ação

É visível o crescente número de igrejas, casas e grupos de oração espalhados pelo Brasil afora. Percebe-se ainda que estes locais e encontros estão sempre cheios. São pessoas que, em meio a um mundo tão frenético, repleto de exigências diárias profissionais e pessoais, buscam algum conforto espiritual. Esses templos, considerados sagrados, costumam ser um refúgio para aqueles que – em meio a esse mundo de adversidades – procuram, de alguma forma, uma conexão divina. E, através dela, tentam essencialmente ligar-se a suas próprias consciências. Reconhecem na espiritualidade uma forma de terapia na tentativa de se tornarem seres humanos mais prósperos e saudáveis em meio ao turbilhão diário. Seguindo as palavras da terapeuta holística Cibele Júlio Augusto, ter espiritualidade é trazer para a vida, para o dia a dia as noções do espírito.

Entretanto, para o ser humano é muito difícil colocar em prática o que a nossa consciência nos impõe. Vive-se, na contemporaneidade, mudanças significativas no  comportamento humano. Por um lado, há materialismo e individualismo exacerbados, apoiados em uma sociedade de consumidores ativos em que tudo é passageiro. Por outro lado, percebe-se que há uma necessidade de resgatar alguns valores, dentre eles, a busca pela espiritualidade, que envolve um autoconhecimento sincero e, por isso, difícil. Segundo a psicanalista Claudia Mascarenhas, as tensões sempre estiveram presentes nos enfrentamentos do ser humano. “O que, atualmente, torna alguns desses aspectos mais agudos, parece-me que é estarmos nos organizando socialmente a partir do mercado, do consumo. Se tudo é ‘consumível’, precisa ter uma duração mais breve, o que certamente impacta na nossa relação com o tempo e, sobretudo, na própria relação humana. Até a religiosidade se torna um bem a ser consumido”, afirma a psicanalista.

 

Para o historiador Wanderson Boareto, em seu texto “A religião e sua influência na vida do homem”, existe uma tendência a mercantilizar a religião, sendo que a conduta religiosa é vista como um complemento de caráter. Dessa forma, para muitos, o homem crente - no sentido de ser fiel, seguidor, religioso - tem menos chance de errar do que o homem que não acredita em nada. De acordo com Claudia Mascarenhas, na teoria, segue-se o princípio do “religar”. Assim, a relação do homem com as religiões seria uma forma de tentar lidar melhor com questões que lhes são muito caras, como a finitude, a morte, a insignificância e impotência humanas. Para alguns, será abrigo, amparo, enquanto para outros servirá como justificativa para certos atos. Nesse contexto, é natural que muitos – sem generalizar – acreditem que frequentar uma determinada igreja, ser presença frequente nos cultos e grupos de oração ou pregar o bem garantem “um lugar no paraíso”, ou melhor, asseguram certa paz espiritual. Entretanto, a conexão consigo mesmo depende especialmente da vivência desse autoconhecimento adquirido nesses momentos especiais  dedicados ao contato com o espírito. “Esse homem de caráter religioso trabalharia pelos princípios da união entre os homens. Talvez, num sentido amplo, isso proporcionasse um ‘errar menos’, porém, na prática, como se costuma dizer, não é a religião ou religiosidade que tem favorecido o homem com uma vida com menos conflito”, ressalta a psicanalista.

A SABEDORIA ESTÁ NA AÇÃO

Uma pesquisa inédita aponta que 44% dos brasileiros seguem mais de uma religião. O estudo - apresentado em junho deste ano no XI Congresso de Medicina e Espiritualidade (Mednesp), no Riocentro – buscou avaliar o comportamento religioso e espiritual do brasileiro. A prova dessa crença híbrida é o número ampliado de pessoas que se declararam espiritualistas: o índice passou de 0,03% para 4,4%. Este aumento reflete o ambiente intercultural nacional, que estimula o sincretismo religioso – tão forte na Bahia – assim como a compreensão de diferentes credos. A pesquisa revela ainda um espelho dessa realidade contraditória do ser humano, percebendo a crença como um caminho para a sabedoria da ação.

Quando questionada sobre a tendência do homem de julgar e cobrar do outro aquilo que não consegue aplicar a sua própria vida, a Bispa Paula Leite, da Igreja Sara Nossa Terra, defende que há uma diferença entre religião e estilo de vida. “Eu acredito que quem é cristão, como religião apenas, pode viver de máscaras. Mas, um cristão genuíno, verdadeiro, não. Então, quem ele é na igreja é quem ele é em casa ou no trabalho”, afirma. Assistir palestras, filmes, ler livros, rezar, andar com a Bíblia Sagrada “embaixo do braço” – como muitos costumam falar – não é suficiente, uma vez que a verdadeira espiritualidade é alcançada nas ações empregadas nas pequenas e grandes coisas. Essa autorreflexão independe de fé religiosa ou convicções. Voltando aos pensamentos de Cibele Julio Augusto, quem não se conhece acaba não conhecendo suas qualidades, potencialidades e seus limites, é controlado pelos outros e imita os outros, além de não compreender a vida e os outros.

CULTIVANDO O SENTIDO DA VIDA

Crer significa acreditar, tomar como verdadeiro, confiar, aceitar. Compreende-se que o percurso para fazer da crença uma prática real é semear seu coração e, consequentemente, seus atos e seus diálogos com positividade. É escolher a palavra certa para um diálogo saudável, é se colocar no lugar do outro para apreender os sentimentos dele, sem julgar. Outras palavrinhas chave são generosidade, gentileza, desapego e discernimento. Esta última é fundamental para que sua crença, em tempos tão contraditórios, não seja influenciada pelo que o outro acredita.

 

Nessa busca pela bonança do corpo e da alma, o cristão da Igreja Batista, José Carlos de Sousa, propõe, em especial, a reflexão das mensagens de Jesus no Livro Sagrado. Citando o Salmo 1: 1-6, José Carlos destaca: “Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores”. Para Marília Reis, católica e messiânica, a crença e o que a gente faz nos rituais de todos os dias servem como uma âncora para essa ligação com o divino. “Quando acordo e invoco São Miguel Arcanjo e, à noite, quando agradeço, eu me sinto preparada. Quando eu coloco meu ohikari (medalha circular usada por baixo das roupas) - porque sou messiânica também - e rezo pelos meus antepassados, eu tenho confiança que vou conseguir a libertação da dificuldade que estou vivendo”, afirma Marília. Para além dos diversos credos, concorda-se que é no exercício que se cresce na fé e no conhecimento espiritual. “Eu costumo dizer que a fé é como um músculo. Quanto mais você a exercita, mais ela cresce”, reforça a Bispa Paula.

Padre Fábio de Melo, em um dos seus programas Direção Espiritual – exibido em 01 de março de 2017 – recebe uma carta de uma telespectadora anônima que afirma sentir um medo de que tudo possa dar errado. Ela afirma saber que tem potencial para ser feliz, e até incentiva outras pessoas a não terem medo; mas, ao mesmo tempo, reconhece que tem uma tristeza sem sentido. Ao ler a carta, Padre Fábio chama a atenção para a mensagem da telespectadora, que reflete um sentimento que é de todos. “Quando ouvimos uma história assim, de alguma maneira, todos nós nos incluímos. Quem não tem que viver esse desafio diário? É como tomar água. A água que você tomou ontem não serve para a sede de hoje”, afirma. Padre Fábio cita ainda o psicoterapeuta Viktor Frankl, ressaltando que o sentido da vida precisa ser cultivado constantemente. Segundo Padre Fábio, o grande prejuízo humano é se acostumar ao que que se tem de ruim. “É a indignação que me move em direção à mudança. Se eu me adapto ao meu ciúme, à minha vaidade, à minha inveja, à minha intolerância, esqueça”, afirma.

É exatamente a partir do reconhecimento e da não banalização dos seus próprios defeitos que é possível autoconhecer-se e, assim, alimentar verdadeiramente sua crença através da comunhão cotidiana. Como diz a canção: É sobre cantar e poder escutar mais do que a própria voz (...). Não é sobre chegar no topo do mundo e saber que venceu. É sobre escalar e sentir que o caminho te fortaleceu (Trem bala, Ana Vilela).

 

 



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