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UM PASSO PARA O FUTURO

Como a ciência pode "congelar no tempo" o ciclo reprodutivo feminino

Foi-se o tempo em que a mulher depois de “certa” idade perderia a capacidade de gerar filhos. Ficar para titia, por exemplo, é coisa do passado! Seja por motivos pessoais, profissionais, financeiros ou até mesmo de saúde, algumas mulheres adiam a maternidade e, graças às técnicas modernas de congelamento de óvulos, têm tido resultados surpreendentes! Atingir a maturidade, há muito, deixou de ser sinônimo de infertilidade.

“A literatura médica registra recuperação de espermatozoides com mais de 70 anos congelados. E o mesmo deverá ocorrer com os óvulos e embriões”, declara a especialista em Medicina Reprodutiva Bela Zausner, diretora da Clínica Gênese e referência no assunto. Segundo a médica, várias são as indicações de congelamento de óvulos, e a mais frequente é para mulheres com câncer que deverão submeter-se a tratamentos quimioterápicos, podendo danificar a sua função reprodutiva. Outra utilização desta técnica é o adiamento da maternidade pelas mulheres no contexto atual de vida.

“Conquistamos uma longevidade bastante avançada, enfrentamos um mercado de trabalho muito competitivo e atuante, temos à disposição diferentes escolhas tais como casamentos homoafetivos, produções independentes, um aumento de casais com idades díspares, tendo as mulheres mais “maduras” com homens bem mais jovens...”, destaca Zausner. “Costumo dizer que em nossos consultórios vemos passar as mudanças e conquistas da sociedade”, completa.

O marco dos 35

Uma coisa é consenso entre os especialistas: a partir dos 35, os óvulos passam a perder, sim, qualidade! Isso não quer dizer que a mulher perca a sua capacidade reprodutiva, apenas vai ficando comprometida com o passar dos anos. A técnica de congelamento, por exemplo, pode ser feita com mulheres com mais de 40 anos e serem bem sucedidas. 

“Funciona em qualquer idade, no entanto, se os óvulos forem congelados quando a mulher possui um número considerável dessas células, quando é mais jovem, as chances de gravidez são mais altas”, garante Cláudia Gomes Padilla, especialista em reprodução assistida do Grupo Huntington, considerado o maior grupo de Reprodução Assistida do Brasil e da América Latina. De acordo com o Conselho Federal de Medicina, 50 anos é o limite permitido para esse tipo de técnica.

 

Possibilidades de gravidez

De acordo com Padilla, hoje, atinge-se de 45 a 55% de sucesso por tentativa de fertilização in vitro desses óvulos, um dado que transmite segurança às mulheres que desejam se submeter ao procedimento. “É uma taxa equivalente aos tratamentos realizados com óvulos “frescos”. O índice varia de acordo com a idade da mulher quando os óvulos foram congelados”, explica a especialista.

O coordenador do Centro de Reprodução Humana do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, Carlos Petta ressalta que a mulher que vai se submeter a essa técnica deve saber que ter óvulos guardados não é uma garantia e sim uma possibilidade de gravidez no futuro. “Deve procurar um centro especializado nesta técnica, pois as condições tecnológicas para o procedimento também são muito importantes”, completa.

Segundo Petta, o procedimento em si consiste do seguinte: basicamente, o ovário é estimulado a produzir vários óvulos, através de injeções de estimulantes hormonais. Esta fase dura em torno de 10 a 12 dias. Depois, os óvulos são captados através de ultrassom vaginal. A mulher é sedada, o procedimento dura 10 minutos e estes óvulos são aspirados do ovário através de uma fina agulha. Não é preciso nenhum tipo de corte! Em seguida, são identificados os óvulos e guardados no laboratório em nitrogênio liquido, onde podem ficar armazenados por vários anos. 

 

Crianças normais!

Além de correr para fazer o congelamento o mais cedo possível, as interessadas na técnica de congelamento de óvulos devem se cercar de bons profissionais e clínicas especializadas. Segundo a médica Cláudia Padilla, o primeiro passo é realizar alguns exames para avaliação da fertilidade e de preparo para o tratamento. “A mulher deve se preparar psicologicamente para o tratamento, que é relativamente simples, mas não é certeza de sucesso no futuro”, explica a especialista.

Outro ponto importante a se ressaltar e que é reforçado pelos especialistas em reprodução humana é que as crianças que nascem a partir desse tipo de procedimento não possuem nenhum prejuízo em relação aos concebidos de forma natural. “Já atuamos com estes tratamentos há 25 anos, já com filhos e netos advindos deles!”, ratifica a especialista Bela Zausner.

Seja qual for o motivo que leve a optar por esse tipo de recurso, nos conforta saber que não precisamos ficar reféns de circunstâncias determinadas para conquistarmos a maior realização que um ser humano pode conceber, o projeto da vida. É bem verdade que o nosso relógio biológico não para! Mas bem que podemos retardá-lo um pouquinho... O importante é termos consciência de que a ciência está a nosso favor e devemos fazer bom uso dela!

 

 



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